Singular e plural, assimétrico e ciclotímico. Assim é o nosso País: Tem tudo de bom e de ruim nessa sociedade anônima.
Machado de Assis classificou o Brasil em oficial e real. No primeiro, estão todos os privilégios, e no segundo todas as injustiças.
O velho Machado se referia à elite e à classe média. Esqueceu a periferia das grandes cidades e os grotões do Amazonas e do Nordeste, onde está o Brasil invisível e injusto, onde o homem não tem nenhum direito.
Ao nascer não tem certidão de nascimento, ao morrer não tem o atestado de óbito.
Não tem Carteira de Identidade, nem CPF. Nunca assistiu a um filme, leu um livro ou foi ao teatro. Avião, ele só conhece à distância, pelo barulho do motor.
Vinícius de Morais, no seu poema “Pátria Minha”, botou o dedo na ferida da desigualdade e da injustiça social:
“A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar;”
O Brasil é, sem dúvida, um país muito injusto, tem de tudo para o bem e para o mal. Ficamos felizes com o nosso futebol cinco vezes campeão do mundo, que ajudou a acabar com o “complexo de vira lata”, segundo Nelson Rodrigues.
Continuamos felizes quando olhamos para a nossa música, uma das mais criativas e bonitas do mundo, que no período de 40 anos fez uma grande revolução.
Em 1917, Donga lançou a música “Pelo telefone”, o 1º samba no Brasil.
Na década de 30 foi lançada a marchinha, um gênero que humaniza e anima o carnaval.
Em 1946, um preto pernambucano de Exu, chamado Luís Gonzaga, com sua sanfona e cheio de bossa, ensinou o Brasil a dançar baião, dando o recado da música popular nordestina. ]
Já em 1957, Antônio Carlos Jobim, Vinícius de Morais e João Gilberto, revolucionaram a música popular brasileira, lançando o movimento bossa nova.
Em 1967 foi lançado o movimento tropicalista, que migrou das artes plásticas e do concretismo para a música, criando um novo movimento cultural, cujos ícones foram: Gilberto Gil, Caetano Veloso, Torquato Neto, Tom Zé e muitos outros, com as músicas: Tropicália, Domingo no Parque etc.
Este é o Brasil que dá certo e nos orgulha. Mas tem um Brasil que nos envergonha, com uma das taxas de assassinato mais alta do mundo, corrupção generalizada, trabalho escravo infantil e elevados índices de acidentes de trânsito e no trabalho.
Este é o Brasil sem ética, na luta pelo poder e o dinheiro a qualquer preço. Este Brasil não nos orgulha, só nos deprime.
Para ele só tem um remédio: Adotar a Constituição do historiador cearense Capistrano de Abreu que, segundo ele, a Constituição Federativa só devia ter 02 artigos:
Artigo 1º
Todo brasileiro deve ter vergonha na cara.
Artigo 2º
Revogam-se as disposições em contrário.
Givaldo Soares
(Cidadão Brasileiro e Cirurgião Dentista)