A
globalização, com seus erros e acertos, veio para ficar. Ela agrada à direita
dos neoliberais do Deus-Mercado e desagrada à esquerda dogmática do Deus-Estado.
O
fenômeno vem de longe, e não é de direita nem de esquerda. Muito pelo contrário.
Todos os emergentes experimentaram melhoras, consolidando-se uma classe média
no Brasil, na Índia, na China, na África do Sul, no México e na Coreia do Sul.
Entraram em crise os ricos Estados Unidos, a Europa e o Japão. A multinacionalização
ajudou na formação do G20, quebrando a hegemonia do G08.
A
globalização histórica perde-se na poeira do tempo, e vem do início da era
cristã, quando Jesus disse aos seus apóstolos: “Ide e pregai o Evangelho a
todos os homens de boa vontade”.
A
Igreja Católica entendeu o recado e hoje é a maior estrutura global do mundo.
Esta solicitação de Jesus talvez tenha
sido o primeiro grito global.
No
século XII, o aventureiro e negociante Marco Polo chegou à China para comprar e
vender especiarias e de lá trouxe o
macarrão; com ele nunca mais o Ocidente foi o mesmo, seja porque ele mata a
fome, seja porque contribui para a obesidade.
No
século XVI, os portugueses, com sua “Escola de Sagres” e com o apoio de outros
povos europeus, anunciaram a descoberta da América e o começo de um novo mundo.
Em
1848, o Alemão Karl Marx lança o manifesto comunista, com o famoso grito que
ecoou em todo o universo: “Atenção,
operários de todo o mundo, uni-vos”. Marx não conseguiu seu intento, mas o
mundo politicamente nunca mais seria o mesmo.
Apesar
de ser histórica e antiga, a globalização sofreu um grande avanço no final do
século XIX e se consolidou com o início dos meios de comunicação: O jornal, o
rádio, o telex, a televisão, o telefone, o computador e, finalmente, o celular
e a internet com suas redes sociais.
Tudo
conspira em favor da globalização, inclusive o capital que não tem pátria e
pode ser aplicado da sua casa em qualquer bolsa de valores do mundo. As
novas tecnologias e o consumismo deram o
empurrão final.
Dentro
dessa nova visão, os termos direita e esquerda, que surgiram na Revolução
Francesa em 1789, estão superados.
Naquela
época, os membros do “Terceiro Estado” que queriam mudanças na forma de governo,
sentavam à esquerda, e o clero e a nobreza, que não queriam mudanças na forma
de governo e defendiam o “status quo”, sentavam à direita. Daí surgiram as
denominações.
Quem
parece que melhor entendeu a globalização foi um gênio do século passado
chamado Deng Xiaoping, com sua genial frase: ”Não importa a cor do gato, o que importa é que ele coma o rato”.
Deng
criou dois sistemas: Um primeiro, em que reconhece a força e a importância do
Estado na proteção dos mais pobres, e um outro, em que fez do mercado um criador
de riquezas e convocou o capital internacional para fazer a mais fantástica
revolução do século XX, que, em 60 anos, retirou a China da miséria e a alçou à
segunda maior potência do mundo.
Cabe
uma pergunta: O Brasil precisa de reformas estruturais profundas. Quem será o
nosso Deng Xiaoping, que colocou a China no topo do mundo? Quem será o nosso
pequeno gigante que fará o mesmo com o Brasil?
Givaldo Soares