domingo, 30 de outubro de 2011

Crônica do Presidente






Saudades do velho Castelão!

O poema de “Concreto Armado” vai, lentamente, desaparecendo da paisagem. Na minha memória volto a 1972, data de sua inauguração.

Recém casado e morando no conjunto Nova Dimensão, me sentia um vizinho, um amigo, um irmão. Acompanhei de perto a construção do estádio Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco. Vivi muitas alegrias, muitas tristezas. Tudo aquilo que o futebol proporciona a todos os torcedores. Vi muitas vezes Alberi destroçar e humilhar o América. Mas vi também, Hélcio Jacaré fazer gols memoráveis no ABC.

Minha reflexão volta a 1955 quando cheguei a Natal e fui morar na pensão de Dona Didi, na Rua Vigário Bartolomeu, um verdadeiro ninho de abecedistas.

A chegada foi em plena Sexta-Feira da Paixão e, no domingo seguinte, convidado pelos novos companheiros fui ao Juvenal Lamartine assistir ABC x América. Me apaixonei pelo time rubro, contrariando os meus novos companheiros.

Uma lembrança que não sai da minha memória:

Convidei meu pai para assistir a inauguração do novo estádio com o jogo ABC x América. Meu pai nunca tinha assistido a uma partida de futebol, provavelmente foi só para me agradar.

Porém, quando terminou o primeiro tempo, procurei saber sua impressão, ele falou: “Estes cabras de preto e branco são uns pestes”. Esta expressão simples de meu pai dá a dimensão da grandeza do futebol que o ABC jogou naquela noite.

Hoje, com tristeza vejo a demolição do velho estádio, e me preocupo com os sentimentos dos seus construtores; lembro-me de Adoniram Barbosa com sua “Saudosa Maloca”, cada tijolo que caía, doía no coração!

E agora que o poema deixa de ser “concreto” para ser “eterno” é necessário uma louvação e um reconhecimento ao arquiteto Moacir Gomes, autor do projeto arquitetônico e aos engenheiros calculistas Manoel e José Pereira que colocaram suas inteligências a serviço do futebol do Rio Grande do Norte.

E esperar que ocorra com Castelão o mesmo que ocorreu com a casa de Manuel Bandeira, no poema “A última canção do beco”.

“Vão demolir esta casa.
Mas meu quarto vai ficar,
Não como forma imperfeita
Neste mundo de aparências:
Vai ficar na eternidade,
Com seus livros, com seus quadros,
Intacto, suspenso no ar”.

Givaldo Soares

(Cidadão Brasileiro e Cirurgião Dentista)


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