terça-feira, 26 de julho de 2011

FESTA NO CÉU

Por Givaldo Soares (*)

O maior patrimônio de uma nação é o espírito de luta de seu povo e a maior ameaça para uma nação é a desagregação desse espírito. (George B. Courtelyou)

No céu existe um dia dedicado a cada país existente no mundo.

É um dia dedicado à louvação, à cultura, à política de cada país. É um dia alegre e triste ao mesmo tempo. As comemorações consistem em gastronomia, música, bebida com moderação e muitas reflexões.

No dia dos Estados Unidos predomina o jazz, o blues; Portugal participa com o fado e a Argentina com o tango, sua tristeza e “modéstia”. No dia do Brasil, “07 de setembro”, caipirinha, samba, carnaval e futebol, é o dia mais feliz no céu. Muitos não podem comparecer a esta festa, estão em lugar bastante distante chamado inferno, que não mantém relações com o céu.

No último 07 de setembro, compareceram cinco políticos do Brasil, para fazer um balanço do nosso país, a partir do descobrimento até o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A conversa não foi tranquila, no entanto, todos discordaram da frase de Lula: “Nunca antes na história desse país...”.

Getúlio Vargas, o mais velho, estava pau da vida, e iniciou o diálogo falando do seu governo: “Fiz a revolução de 1930 e derrubei a república velha; lancei as bases da industrialização e do Brasil moderno; fundei a Petrobras e a Eletrobras; criei o voto feminino; a legislação trabalhista e a justiça do trabalho; institui o salário mínimo; criei a siderúrgica nacional e A Vale do Rio Doce. Mesmo dando uma grande contribuição e oferecendo a minha vida ao país, fui humilde e nunca achei que tinha redescoberto o Brasil”; amargurado, Getúlio pergunta a Juscelino: Quem é esse rapaz que governa o Brasil de forma tão arrogante?

Juscelino então respondeu: “Quando governava o Brasil em 1955, soube que nasceu no nordeste um menino prodígio, um jeca tatu que migrou para São Paulo e se transformou em Macunaíma; fundou uma central sindical e um partido político, que o ajudou a governar o Brasil. Não é um político comum, é um gênio, que se aproxima mais da religião do que da política, pois, demagogo e populista, ele hipnotiza o povo. Dizem no Nordeste que ele tem parentesco com Antônio Conselheiro e Padre Cícero Romão Batista”.

Getúlio admirado pergunta: “Mas esse homem não tem defeitos?”. Juscelino complementa: “Tem, sim. É mentiroso e arrogante. Sua frase “Nunca antes na história deste país...” é injusta e boçal comigo, com você e todos os outros que, no passado, trabalharam pelo Brasil, mas, ele tem outro defeito: Toma muita cachaça”.

Jânio Quadros interfere: “Isto não é um defeito, e sim uma virtude”. Ao que vem Ulisses Guimarães, até então muito calado, e faz sua intervenção: “Lancei minha anti-candidatura à presidência da república, em um dos momentos mais dramáticos da nossa história, enfrentei o estado policial da ditadura, não cedi, começamos a luta pela redemocratização com as diretas já. Meu discurso durante a promulgação da Constituinte é uma síntese do meu pensamento. Tenho nojo e ódio da ditadura. Apesar de tudo isso reconheço que o Brasil não é obra de um só homem, é obra de muitos, principalmente seu povo”.

É aí que Tancredo Neves, mineiro, equilibrado e sensato, entra na conversa para finalizar. E cita uma famosa frase sua: “Se Deus não lhe deu a graça da humildade, peça a ele a da dissimulação e finja que é modesto”.

E continuou: “Fiz política em Minas Gerais a partir de 1933, vi o surgimento do Estado Novo e sua derrocada, acompanhei de perto o drama de Getúlio e seu suicídio, recebi dele a caneta da carta testamento, apoiei o governo Juscelino Kubitschek, em 1964, vi os militares assassinarem a democracia, lutei ao lado de Ulisses pela redemocratização, depois atendendo a um chamado da pátria, fui eleito de forma indireta presidente da república, não cheguei a tomar posse, fui traído por uma diverticulite. Mesmo com este currículo, nunca tive a arrogância de dizer que salvei o Brasil. Só os espíritos pequenos pensam ser o dono de todas as coisas. Por isso perdôo, mas, não aceito a frase:

NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESTE PAÍS...”.

(*) Givaldo Soares, Dentista e Cidadão Brasileiro.

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