A atenção Odontológica ao bebê possibilita manter saúde antes mesmo de prevenir a doença e representa uma possibilidade prática de promoção de saúde, altamente abrangente, simples, eficaz e, principalmente, de baixo custo, devendo assim integrar qualquer programa multidisciplinar de saúde, seja este de âmbito individual ou coletivo.
Em especial, ao Odontopediatra fica a responsabilidade de educar para a saúde bucal através da orientação à gestante quanto aos hábitos dietéticos, de higiene bucal, transmissibilidade da doença cárie, uso racional de fluoretos, amamentação natural e artificial e hábitos de sucção não nutritivos.
Os conhecimentos sobre o comportamento e fisiologia das crianças, apontam para a necessidade do atendimento Odontológico se iniciar o mais precocemente possível.
Segundo WALTER & NAKAMA (1998) a idade de 12 meses é ideal para o início do atendimento e possibilita que a manutenção de saúde atinja 100%.
Por outro lado, outros autores recomendam que a primeira consulta deva se iniciar antes mesmo dos 12 meses de idade (BONECKER et al., 1995; NOWAK, 1996).
A Academia Americana de Odontopediatria (1991) recomenda que os cuidados com a saúde bucal do recém nascido tenham início por volta dos 06 meses de idade ou logo após a erupção do primeiro dente decíduo.
O início da atenção odontológica pode ocorrer até mesmo durante a gravidez, através da Odontologia pré-natal (CORRÊA, 1998), também denominada de Odontologia intra-uterina (KONISHI, 1995).
Do ponto de vista psicológico, estudos demonstram que as experiências intra-uterinas do bebê representam uma antecipação do que será o seu mundo exterior.
Durante a vida intra-uterina o bebê começa a desenvolver sua relação com o mundo, onde podem ser identificados 03 níveis de interação: biológico, afetivo e comportamental.
Em nível biológico, verifica-se que a criança sofre influência direta da fisiologia da mãe e, através de trocas humorais ou passagem de drogas pela barreira placentária podem apresentar alterações no sistema nervoso em desenvolvimento.
Em nível afetivo tem se constatado que as demandas emocionais da mãe influenciam o bebê, principalmente até 03 meses de idade e conflitos emocionais vividos pela mãe (óbitos, desemprego etc.) guardam relação direta com ansiedade, cólicas e agitação nos bebês.
Durante o período de gestação, a atenção odontológica visa analisar o comportamento dos pais, a fim de estabelecer um programa educativo que instale ou reforce as atitudes positivas existentes em relação à saúde bucal e minimize ou remova as atitudes negativas.
A educação e o aconselhamento quanto à utilização de medicamentos ou suplementos dietéticos, aleitamento natural e artificial, hábitos de sucção não nutritivos, etiologia da doença cárie, transmissibilidade das doenças bucais, e quanto à higiene bucal dos bebês também são decisivos para concientizar a futura mãe sobre o seu papel no desenvolvimento saudável das estruturas bucais de seu filho (DE-ROSSI et al., 2000).
Recomendam ainda que a higiene bucal seja realizada antes de dormir, geralmente durante ou após o banho da criança, para que se associe higiene bucal à higiene corporal, durante toda a vida.
McCAULEY em 1946 (apud, TODESCAN, 1991), sugeriu que a escova dental satisfatória precisaria adaptar-se às necessidades individuais quanto ao tamanho, forma e textura; ser leve; de fácil manipulação; eficiente; impermeável; fácil de higienizar; durável; agradável à vista e de baixo custo.
A seleção quanto ao ângulo da cabeça com o cabo, o tamanho e a forma do cabo dependerão mais da preferência dos pais e das crianças, mas é imprescindível que possuam cabeça pequena, cerdas macias e arredondadas.
Os pais devem escolher um formato que se adapte bem às mãos da criança, para que a mesma possa completar a limpeza e massagem dos tecidos.
Até que a criança adquira coordenação motora, geralmente entre 06 e 09 anos de idade, a responsabilidade da higiene bucal caseira cabe aos pais (BUISCHI & AXELSSON, 1996).
Recomenda-se que as escovas sejam trocadas periodicamente, ou submetidas a algum processo de desinfecção com o digluconato de clorexidina a 0,12% (FARIA et al., 1999), uma vez que as escovas dentais tornam-se contaminadas por microrganismos da cavidade bucal, e podem servir como um reservatório para esses microrganismos.
A higiene bucal para bebês de até 18 meses de idade consiste em mantê-lo no colo dos pais, com um de seus braços posicionados por trás de suas costas. Dessa forma, a mãe pode utilizar o braço que segura o bebê para imobilizar a mão livre dele, e com a outra mão realizar as técnicas necessárias de higiene bucal.
Após os 02 anos de idade, pode-se orientar o responsável para que coloque a criança sentada em seu colo de costas.
A inclinação da cabeça da criança para trás permite uma boa visão de todos os dentes.
Uma das mãos segura a cabeça da criança enquanto a outra realiza a escovação.
A finalidade do posicionamento adequado do bebê é a limitação de seus movimentos e a melhora da visibilidade.
Cabe ressaltar que essa tarefa deve ser realizada em ambiente tranquilo, promovendo a transmissão de carinho para o bebê, que levará esta sensação para toda sua vida.
- Especialista em Odontopediatria: HRAC-USP
- Mestre em Odontopediatria: FORP-USP