domingo, 7 de agosto de 2011

O RESPEITO

Daisy Leite (*)

Para abordar este tema fiquei matutando por onde iniciar, devido à amplitude do assunto. Como sempre, gosto de conceituar aquilo de que pretendo falar.

Então, o que é Respeito? Vamos encontrar no Pai Aurélio: “É o ato ou efeito de respeitar.” E respeitar? Tratar com reverência, ou acatamento; venerar, honrar; recear; ter em consideração; ter em conta; cumprir; observar; poupar; não causar dano a; suportar; atender a; fazer-se respeitado; impor-se ao respeito dos outros.

O Respeito se faz presente no comportamento do ser humano, numa relação direta com o contexto ambiental e social.

Assim, tive que selecionar para quem falar de RESPEITO. Claro, preferi os jovens, acreditando que as pessoas mais velhas já tenham uma visão de valores, mais firmes e definidas, especialmente se tiveram berço - não de ouro, mas de educação - como fala a cultura popular.

Busquei na Internet e não encontrei nada que me inspirasse. Então resolvi buscar na minha biblioteca e dei sorte.

Localizei o livro: Boas Maneiras, de Carmem D’Ávila, 7º edição, que ganhei de presente de aniversario de meu amigo, João Caiana, no ano de mil novecentos e cinquenta.

Importante: Em perfeito estado de conservação, pois encapava meus livros de capa fina com feltro e costurava suas bordas com linha grossa em ponto de laço. E ainda colava minha inicias em feltro de outra cor na capa. Chique, não?! E o mais importante: Não os emprestava a ninguém. Acho que eu já respeitava meus livros, porque os poupava e zelava para não lhes causar danos.

Além de irmos para o colégio aos cinco ou seis anos de idade para o jardim de infância, ou pré-primário, com uma base de educação doméstica, no curso primário tínhamos aulas de civilidade e de boas maneiras, onde recebíamos orientação de como nos comportar nas diferentes ocasiões, além da roupa apropriada a ser usada em cada local e ocasião.

Concordo, hoje, que havia um pouco de exagero nas exigências de uma educação conservadora como se fala atualmente, mas a verdade é que existem valores que NÃO PODEM mudar, mesmo através dos séculos.

Encontro no livro de Boas Maneiras, já em 1950:
Aos moços de hoje: (há mais de meio século.)


“Lembrai-vos de que - a velhice não é privilegio das minorias... e um dia também virá bater á vossa porta.”

“Lembrai-vos de que as restrições de guerra que ainda nos são impostas, embora o conflito (mercê de Deus!) esteja terminado, jamais outorgaram a alguém direitos à subversão dos códigos sociais.

“Lembrai-vos de que Mãe é uma religião sem ateu. E quem sabe se uma dessas figuras de anciã, que ao lado da vossa poltrona de ônibus se equilibra vacilante, não teve um filho na guerra, garantindo-nos a segurança que aqui gozamos? Então, os cuidados que lhes dispensardes serão a vossa profissão de fé nesta crença.”
“Lembrai-vos de que as atenções devidas ao pobre, ao fraco, ao enfermo, à mulher e ao velho são um índice das lições que se recebem no berço.”

“Resumindo: Moço de hoje, levanta-te e cede o teu lugar, no ônibus ou no bonde, a quem de direito.”

“Essa é a atitude verdadeiramente digna de um homem civilizado.”

Pensando bem... Os moços de ontem são os idosos de hoje. E se a maioria dos moços de hoje não sabe o que é Respeito, não tem a verdadeira atitude digna de um homem civilizado. A quem cabe a culpa?

(*) - Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Enfermeiros Escritores; Poetisa; Compositora; Professora de Enfermagem da UFRN (Aposentada)

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