sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Eleitor vota na pessoa, não no partido!


(*) Partidos em baixa / Pesquisa Methodus aponta os atributos que mais são observados na hora de decidir o voto a prefeito.



Num país em que existem 30 partidos políticos em atividade e com vários outros esperando autorização para invadir o cenário eleitoral, é natural que a população fique confusa, sem saber exatamente qual o ideário de cada um deles. 

Esta é, provavelmente, a principal causa para, na hora de eleger um prefeito, 88% dos montenegrinos (*1) preferirem optar por um nome de candidato e não por uma sigla. 

O índice foi apontado por uma pesquisa realizada pelo Instituto Methodus no dia 14.05.12. Somente para 4,9% dos entrevistados, o que determina a opção é o partido. Para 6,3%, valem ambas as condições e 0,9% disseram que não sabem.

A sondagem é fruto de uma parceria do Methodus com a Associação dos Diários do Interior (ADI-RS), entidade à qual o Jornal Ibiá é filiado, e foi registrada na Justiça Eleitoral sob o número RS-00019/2012. Os entrevistadores ouviram 350 pessoas e os resultados possuem uma margem de erro de 5,3% para mais ou para menos, num intervalo de confiança de 95%.

A falta de cultura política do eleitor, que também contribui para a opção por nomes e não por ideologias, fica clara em outro item da pesquisa. 
Os entrevistados foram convidados a dizer se são de “esquerda” ou de “direita”. Mais da metade, 54,3%, não souberam responder. 24,9% se disseram de “centro”, 9,1% de “direita”, 8,6% de “esquerda”, 1,7% de “centro-esquerda” e 1,4% de “centro-direita”.

Direita e esquerda: as origens históricas 

De acordo com os historiadores, tudo começou na França do final do século XVIII. Seu sistema político era composto por três grupos, os chamados Estados Gerais: o clero, a nobreza e o terceiro estado, formado pelo “resto” da população (banqueiros, comerciantes, médicos, artesãos). 

O terceiro estado era o único que tinha a obrigação de pagar os impostos, além de terem inúmeras limitações, como não ocupar cargos públicos, por exemplo. 
Foi assim, em razão da adoção de um modelo político injusto e dos privilégios dados a uma pequena parte da população, que se iniciou a Revolução Francesa. 

O que originou os termos Direita e Esquerda foi o fato de os membros do terceiro estado sentarem à esquerda do rei, enquanto que os do clero e da nobreza sentavam à direita. Assim, Direita passou a ser considerado um grupo conservador e Esquerda a oposição. 

De forma generalizada e superficial, os conservadores dão ênfase ao liberalismo econômico e à eficiência da economia, enquanto os esquerdistas têm seu foco nos valores da igualdade e da solidariedade. 

Porém, o fato de ser da Direita ou da Esquerda é algo relativo e não permanente, uma vez que um partido, por exemplo, pode estar de um lado em um momento e de outro em outra instância, agindo conforme um jogo de interesses. Por isso, muitos consideram estas definições simplificadoras e enganosas, uma vez que os valores de cada grupo podem se tornar bastante contraditórios.

Como você escolherá o seu candidato? 

Michael Renato Roveda, 17 anos, estudante: “Essa vai ser a primeira vez que voto. Mas já sei quem escolher e vai ser pelo candidato mesmo, por já conhecer e saber que ele já fez muita coisa pela comunidade, independente do partido político que ele representa.”

Gilvan Luiz Rodrigues, 30 anos, operador: “Escolho pela proposta, pela coerência. Não adianta prometerem coisas que a gente sabe que não vão cumprir. Mas não adianta não prometer e ficar na espera de votos, porque esses sim são os que não fazem nada.”

Karin Vargas, 32 anos, dona de casa: “Eu sempre procuro saber qual a proposta que os candidatos estão apresentando. Mas o que levo em conta mesmo é a pessoa, o envolvimento dela com a comunidade e se já tem uma história política de coisas positivas para ajudar o povo.”

Cristiana dos Santos, 36 anos, empregada doméstica: “Escolho meu candidato pela pessoa, pela confiança que me passa, indiferente do partido em que esteja na época da eleição. Mas, sinceramente, eu só voto por obrigação, pois, se não precisasse, nem votaria.”

Líderes partidários não estão surpresos 

Para o presidente do PDT, Antônio Edison Padilha, os números retratam a realidade. Porém, ele não acredita que representem um enfraquecimento dos partidos. Padilha lembra que, historicamente, a política é marcada por personalidades que se colocam acima das siglas, por sua popularidade. 

“Em âmbito municipal, as pessoas se conhecem e valorizam mais a figura do candidato, pois acompanham a sua história, do que o partido a que pertence”, constata.

Padilha destaca outros aspectos: o amadorismo de muitos diretórios e a base familiar dos candidatos. “A maioria dos partidos não possui estruturas no interior. É diferente das grandes cidades, onde têm arrecadação. Aqui tudo é feito na paixão, até porque não tem dinheiro para remunerar”, observa. 
Além disso, o fato de alguns aspirantes virem de famílias numerosas e bem relacionadas contribui muito nas cidades pequenas, segundo o dirigente pedetista.

O presidente do PP, Agenor Rigon, acrescenta outro elemento à mistura que coloca as pessoas acima dos partidos: a perda da identidade. “Hoje, em nível federal, a maioria está com a presidente Dilma. Isso confunde o eleitor, que perde a noção de quem é quem”, opina. 
Rigon acredita que a militância tradicional, que vota sempre na mesma sigla, tende a acabar. “Temos partidos demais. O certo seria reunir aqueles que defendem os mesmos pontos e reduzir a quantidade”, sugere, acreditando que isso permitiria ao eleitor fazer escolhas mais ideológicas.

Para o vice-presidente do PT, Marcelo Azevedo, o resultado também não surpreende.                “É indiscutível que, no sistema brasileiro, os segmentos da política partidária não podem prescindir de figuras públicas notórias para viabilizar a aceitação de seus programas. Cito o próprio exemplo do ex-presidente Lula”, relata. 

Ele reforça que, historicamente, a opinião pública sempre se baseou na ideia de que os indivíduos é que criam os espaços institucionais e não as agremiações partidárias. “Mas o fato é que os governos representam programas distintos para a sociedade e esses, por sua vez, têm origem nos partidos ou coligações que os colocam em execução”, conclui.

Propaganda eleitoral 

A boa notícia é que essa aparente alienação deve ceder espaço à busca de informações para o exercício de um voto mais consciente. A própria campanha eleitoral precipita as discussões em torno da política. 

Na mesma pesquisa, 72,9% dos entrevistados disseram que pretendem se atualizar sobre a trajetória, os projetos e as propostas dos candidatos. 58,9% garantem que costumam acompanhar a propaganda eleitoral gratuita de rádio e televisão.

Quando a pergunta é onde o eleitor vai buscar informações para subsidiar sua escolha, as fontes preferenciais são amigos e parentes (31,7%), o horário eleitoral gratuito (27,1%), jornais (21,1%), internet (14,9%) e os debates (11,4%).

Projetos pesam mais na hora da escolha   

Políticos que investem na elaboração de bons programas de governo têm mais chances de conquistar os eleitores montenegrinos. Esta é outra constatação da pesquisa realizada pelo Instituto Methodus. Este item recebeu 50,3% das indicações quando os entrevistados foram questionados sobre o que é mais importante na hora de escolher um candidato a prefeito. 
A segunda condição mais citada foi o histórico do pretendente, com 48,6%, seguida de experiência, com 28,3%. O carisma e o partido a que o aspirante a prefeito está filiado obtiveram apenas 11,4% das citações.

O resultado da sondagem vai ao encontro daquilo que a própria Justiça Eleitoral defende: Que as pessoas interessadas em governar a cidade estejam realmente dispostas a fazer o melhor pelas comunidades. 
Tanto que, na legislação referente ao pleito de outubro deste ano, incluiu a obrigatoriedade da entrega dos planos de governo, digitalizados, junto com o requerimento de registro da candidatura majoritária. O prazo encerrou em 05 de julho e estes documentos ficarão à disposição da sociedade para consulta, no site do Tribunal Superior Eleitoral, durante a campanha.

Fonte: (*) Márcio Reinheimer | 22/06/2012 
http://www.jornalibia.com.br - Montenegro/RS (*1)

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