(*) Partidos em baixa / Pesquisa
Methodus aponta os atributos que mais são observados na hora de decidir o voto
a prefeito.
Num país
em que existem 30 partidos políticos em atividade e com vários outros esperando
autorização para invadir o cenário eleitoral, é natural que a população fique
confusa, sem saber exatamente qual o ideário de cada um deles.
Esta é,
provavelmente, a principal causa para, na hora de eleger um prefeito, 88% dos
montenegrinos (*1) preferirem optar por um nome de candidato e não por uma sigla.
O
índice foi apontado por uma pesquisa realizada pelo Instituto Methodus no dia
14.05.12. Somente para 4,9% dos entrevistados, o que determina a opção é o
partido. Para 6,3%, valem ambas as condições e 0,9% disseram que não sabem.
A
sondagem é fruto de uma parceria do Methodus com a Associação dos Diários do
Interior (ADI-RS), entidade à qual o Jornal Ibiá é filiado, e foi registrada na
Justiça Eleitoral sob o número RS-00019/2012. Os entrevistadores ouviram 350
pessoas e os resultados possuem uma margem de erro de 5,3% para mais ou para
menos, num intervalo de confiança de 95%.
A falta
de cultura política do eleitor, que também contribui para a opção por nomes e
não por ideologias, fica clara em outro item da pesquisa.
Os entrevistados
foram convidados a dizer se são de “esquerda” ou de “direita”. Mais da metade,
54,3%, não souberam responder. 24,9% se disseram de “centro”, 9,1% de
“direita”, 8,6% de “esquerda”, 1,7% de “centro-esquerda” e 1,4% de
“centro-direita”.
Direita e
esquerda: as origens históricas
De acordo com os
historiadores, tudo começou na França do final do século XVIII. Seu sistema
político era composto por três grupos, os chamados Estados Gerais: o clero, a
nobreza e o terceiro estado, formado pelo “resto” da população (banqueiros,
comerciantes, médicos, artesãos).
O terceiro estado era o único que tinha a
obrigação de pagar os impostos, além de terem inúmeras limitações, como não
ocupar cargos públicos, por exemplo.
Foi assim, em razão da adoção de um modelo
político injusto e dos privilégios dados a uma pequena parte da população, que
se iniciou a Revolução Francesa.
O que
originou os termos Direita e Esquerda foi o fato de os membros do terceiro estado
sentarem à esquerda do rei, enquanto que os do clero e da nobreza sentavam à
direita. Assim, Direita passou a ser considerado um grupo conservador e
Esquerda a oposição.
De forma
generalizada e superficial, os conservadores dão ênfase ao liberalismo
econômico e à eficiência da economia, enquanto os esquerdistas têm seu foco nos
valores da igualdade e da solidariedade.
Porém, o fato de ser da Direita ou da
Esquerda é algo relativo e não permanente, uma vez que um partido, por exemplo,
pode estar de um lado em um momento e de outro em outra instância, agindo
conforme um jogo de interesses. Por isso, muitos consideram estas definições
simplificadoras e enganosas, uma vez que os valores de cada grupo podem se tornar
bastante contraditórios.
Como você
escolherá o seu candidato?
Michael Renato Roveda, 17 anos, estudante: “Essa
vai ser a primeira vez que voto. Mas já sei quem escolher e vai ser pelo
candidato mesmo, por já conhecer e saber que ele já fez muita coisa pela
comunidade, independente do partido político que ele representa.”
Gilvan
Luiz Rodrigues, 30 anos, operador: “Escolho pela proposta, pela coerência. Não
adianta prometerem coisas que a gente sabe que não vão cumprir. Mas não adianta
não prometer e ficar na espera de votos, porque esses sim são os que não fazem
nada.”
Karin
Vargas, 32 anos, dona de casa: “Eu sempre procuro saber qual a proposta que os
candidatos estão apresentando. Mas o que levo em conta mesmo é a pessoa, o
envolvimento dela com a comunidade e se já tem uma história política de coisas
positivas para ajudar o povo.”
Cristiana
dos Santos, 36 anos, empregada doméstica: “Escolho meu candidato pela pessoa,
pela confiança que me passa, indiferente do partido em que esteja na época da eleição.
Mas, sinceramente, eu só voto por obrigação, pois, se não precisasse, nem
votaria.”
Líderes
partidários não estão surpresos
Para o presidente do PDT,
Antônio Edison Padilha, os números retratam a realidade. Porém, ele não
acredita que representem um enfraquecimento dos partidos. Padilha lembra que,
historicamente, a política é marcada por personalidades que se colocam acima
das siglas, por sua popularidade.
“Em âmbito municipal, as pessoas se conhecem
e valorizam mais a figura do candidato, pois acompanham a sua história, do que
o partido a que pertence”, constata.
Padilha
destaca outros aspectos: o amadorismo de muitos diretórios e a base familiar
dos candidatos. “A maioria dos partidos não possui estruturas no interior. É
diferente das grandes cidades, onde têm arrecadação. Aqui tudo é feito na
paixão, até porque não tem dinheiro para remunerar”, observa.
Além disso, o
fato de alguns aspirantes virem de famílias numerosas e bem relacionadas
contribui muito nas cidades pequenas, segundo o dirigente pedetista.
O
presidente do PP, Agenor Rigon, acrescenta outro elemento à mistura que coloca
as pessoas acima dos partidos: a perda da identidade. “Hoje, em nível federal,
a maioria está com a presidente Dilma. Isso confunde o eleitor, que perde a
noção de quem é quem”, opina.
Rigon acredita que a militância tradicional, que
vota sempre na mesma sigla, tende a acabar. “Temos partidos demais. O certo
seria reunir aqueles que defendem os mesmos pontos e reduzir a quantidade”,
sugere, acreditando que isso permitiria ao eleitor fazer escolhas mais
ideológicas.
Para o
vice-presidente do PT, Marcelo Azevedo, o resultado também não surpreende. “É
indiscutível que, no sistema brasileiro, os segmentos da política partidária
não podem prescindir de figuras públicas notórias para viabilizar a aceitação
de seus programas. Cito o próprio exemplo do ex-presidente Lula”, relata.
Ele
reforça que, historicamente, a opinião pública sempre se baseou na ideia de que
os indivíduos é que criam os espaços institucionais e não as agremiações
partidárias. “Mas o fato é que os governos representam programas distintos para
a sociedade e esses, por sua vez, têm origem nos partidos ou coligações que os
colocam em execução”, conclui.
Propaganda
eleitoral
A boa notícia é que essa aparente alienação deve ceder espaço à busca
de informações para o exercício de um voto mais consciente. A própria campanha
eleitoral precipita as discussões em torno da
política.
Na mesma pesquisa, 72,9% dos entrevistados disseram que pretendem se
atualizar sobre a trajetória, os projetos e as propostas dos candidatos. 58,9%
garantem que costumam acompanhar a propaganda eleitoral gratuita de rádio e
televisão.
Quando a
pergunta é onde o eleitor vai buscar informações para subsidiar sua escolha, as
fontes preferenciais são amigos e parentes (31,7%), o horário eleitoral
gratuito (27,1%), jornais (21,1%), internet (14,9%) e os debates (11,4%).
Projetos
pesam mais na hora da escolha
Políticos que investem na elaboração de bons programas de governo têm
mais chances de conquistar os eleitores montenegrinos. Esta é outra constatação
da pesquisa realizada pelo Instituto Methodus. Este item recebeu 50,3% das
indicações quando os entrevistados foram questionados sobre o que é mais
importante na hora de escolher um candidato a prefeito.
A segunda condição mais
citada foi o histórico do pretendente, com 48,6%, seguida de experiência, com
28,3%. O carisma e o partido a que o aspirante a prefeito está filiado
obtiveram apenas 11,4% das citações.
O
resultado da sondagem vai ao encontro daquilo que a própria Justiça Eleitoral
defende: Que as pessoas interessadas em governar a cidade estejam realmente
dispostas a fazer o melhor pelas comunidades.
Tanto que, na legislação
referente ao pleito de outubro deste ano, incluiu a obrigatoriedade da entrega
dos planos de governo, digitalizados, junto com o requerimento de registro da
candidatura majoritária. O prazo encerrou em 05 de julho e estes documentos ficarão
à disposição da sociedade para consulta, no site do Tribunal Superior
Eleitoral, durante a campanha.
Fonte: (*) Márcio Reinheimer | 22/06/2012
http://www.jornalibia.com.br - Montenegro/RS (*1)
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