A CASA DA FELICIDADE
A Casa
do Estudante é inesquecível! Pode ser também denominada “A casa da felicidade”.
Aquele
antigo nosocômio, depois, quartel da polícia que participou da Revolução de
1935, foi transformado na Casa do Estudante, onde os rapazes do interior vinham
em busca de abrigo e conhecimentos. Eram pobres e alegres, pareciam os pobres
de Paris...
Casa do Estudante metralhada na Revolução Casa do estudante atualmente |
A
solidariedade entre eles era imensa! Agrupavam-se
de acordo com as regiões de onde eram originários.
Tinha
grupo da região do Seridó, do Oeste, do Agreste e do sertão mais profundo do
Rio Grande do Norte.
Mas a
Casa também era aberta aos forasteiros de outros Estados, como eu Givaldo
Soares, Teônio Vieira Pinto, Adalberto Jorge, José Braulino, representantes de
Lagoa dos Gatos/PE, na Instituição. Tinha também os representantes da Paraíba,
entre os quais os irmãos evangelistas, com nomes de apóstolos, mas destemidos e
valentes.
Sem a
Casa, talvez não teríamos sobrevivido com dignidade nesta cidade.
Existiam
lá os mais variados tipos humanos. Era uma babel: Os malandros, os gozadores e
os estudiosos, “os Caxias”, como eram conhecidos.
Dentro
da Casa poderiam existir divergências, e até algumas brigas, mas, fora dela a
unidade e a solidariedade eram totais.
Sem
dúvida, existia uma elite que frequentava o ABC, o América e os melhores clubes
de Natal. E os mais simples frequentavam a Ribeira, o Andaluzia e, no máximo, o
Alecrim Clube.
Neste
universo humano, a Casa permitiu a ascensão social e a formatura de Médicos,
Dentistas, Bacharéis em Direito, Engenheiros, Assistentes Sociais, Economistas
etc..
Não
podemos esquecer a parte esportiva, onde se destacava o voleibol e o futebol,
com partidas memoráveis.
Mas o
dia maior da Casa do Estudante era o resultado do vestibular, onde dezenas de
colegas eram aprovados e a comemoração era intensa, inclusive na Ribeira, onde
“as primas” vibravam.
Escolhi
20 amigos da Casa do Estudante para citar em homenagem aos mais de 500, com os
quais convivi lá:
Wellington
Xavier, Inácio Cassimiro, João Carlos Neto, Clesito Cesar Fechine, José Maria
Aragão, Múcio Procópio, Gino Morelli, José Daniel Diniz, Canindé Queiroz,
Anastácio Jó, Edmilson Fernandes, Antônio Figueira, Júlio Batista, Jaime
Batista, Hélio Silveira, Abreu Júnior, Jório Marques, Teônio Vieira Pinto,
Adalberto Jorge, José Geraldo da Fonseca e Otávio Pereira de Mello, Dagmar Maia, Enéas Maia, Joaquim Elói.
Múcio, Givaldo, José Maria, Morelli. |
Ao
relembrar a Casa do Estudante, me veio à mente o poema de Manoel Bandeira:
A ÚLTIMA CANÇÃO DO BECO
Vão demolir esta casa.
Mas o meu quarto vai ficar,
Não como forma imperfeita
Neste mundo de aparências.
Vai ficar na eternidade,
Com seus livros, seus quadros,
Intactos, suspensos no ar!
Givaldo Soares
Givaldo Soares
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